TRAIÇÃO

Por quanto tempo o vento só soprava,
Levando tantas ilusões, que só agora sei,
Quanto sonho dividido com o futuro, em vão,
Desconsolo que o vento não leva, ingrato.

A brisa amena que soprava,
Agora é tempestade em mim,
Tormento, angústia, desatino,
Despropósito que o coração recusa.

Queria poder me enganar prá sempre,
Desacreditar infinitamente que te amei,
Sustar as dores, borrar as lembranças,
Acinzentar as cores, desligar toda canção.

Não sei se sofro ou me conforto,
Sabendo que não sentes as minhas dores,
Que já te acolhias, de antes, em outro colo,
Já sonhavas outros sonhos, alheios aos meus.

Pior que a desilusão das quimeras mudas,
São as queimaduras do orgulho sangrando,
Nenhum querer comporta a precaução,
De supor a traição paralela à aparente paixão.

Não, não quero corromper a poesia,
Que escrevi com tuas próprias mãos,
Agora transformadas em sentenças,
Que tua consciência terá que ler todo dia
Enquanto vou apagando as dores que me afligem.




Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 17/12/2011
Código do texto: T3394115
Classificação de conteúdo: seguro