tempo

Por que os Poetas falam tanto em tempo?... Eu, o mesmo.

O que dizer das valas que se encontram nos medos...Perder?... Perdemos o quê, se nunca tivemos?

Tempo em mar de contradições... Tempo em remoto controle... Tempo, nas linhas das minhas mãos...

E o plural de tempo seria tempos... cada qual com a sua direção?...

Ah!...Se falo das nostalgias...Dos silêncios e das gotas de pratas... Dos meus gatos... Das minhas salivas... Pétalas...Pedras... Laços...Deusas e Deuses... Matas e nós lobos...Rastros... Palavras...Palavras minhas.

Perder o tempo... Pensar que ganha o repente de ressentimentos... Quanto tempo ainda falta para saber que o perdeu... e nem se tinha um pedaço tão seu?

Eu...Poeta, escandalizado pelo rasgo que o tempo deu... Sorrio e choro...Gosto meu.

Percorridos os asfaltos... As lâminas de um regalo... Quanto tempo para saber que o desapego é o melhor presente... Que o futuro, incerto e falho, só é desenhado no agora... Que fiquem todas as fichas fora?... Não eu...

Olho pelas lágrimas que assolam o rosto de alguém...Encontro todas as minhas, na face que é a cobertura de ninguém...

Todos somos alvo de um certeiro flecheiro de taças...

Rasgo-me aos olhos que tenho...Não sou de enforcar para que brilho seja lançado ao meio... Certos? Apenas os entremeios.

Perco o verso...A poesia...Perco as veias...As sílabas...Mas, nunca me perco das minhas linhas.

O tempo pode recortar...Recordar... Pode até pensar que foi... Mas, não pode delimitar o vácuo...Nem o que se pensava ter.

Quantas Marias em corda-bamba...Por falta de olhos abertos.

Julgo meu o que era teu... Julgo teu o que era meu?... Ninguém sabe ao certo o que tem, o mesmo fundo é o simples começo.

Recursivo é o tempo... Dialógico contentamento.

E se perdemos as linhas... Coisa difícil de acontecer...Achamos o novelo emaranhado de um tempo que nem se percebeu.

A prosa de amor ganha o rumo que os dedos das pálpebras definem... Meu rascunho de olhos fechados...Meu rabisco que delineia o tempo... Lento...Lento...

Enquanto eu corro... Contra o meu próprio eixo...

Roda que gira o sonho... Rodopio dos cabelos nos lençóis... Mãos que encontram outras... Beijos que calam as bocas...

Quem diz que o tempo não é a temática mais louca?... Apenas mais um dos véus que retiro das saias ciganas... Dança o tempo... Danço eu...

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