OUTONO SEM FIM

Não deixe que o outono te tome sempre assim,
Espalhando tristeza em todas as tuas estações,
Deixe que se aninhe em ti as cores da primavera,
Que o aconchego do inverno te faça aquiescer,
Que o verão te irradie de sol e amores efêmeros.

Sei que a melancolia divide espaço no teu peito,
Triste como as folhas secas amontoadas no jardim,
Sem o viço das flores rebentadas na primavera,
Nem a vivacidade das cores do crepúsculo de verão,
Mas não te entoque assim qual serpente no inverno.

Não te recolha tão somente as tuas intimidades,
Cultivando apenas lembranças que te amargam,
Olhe a rua repleta de esperança no verão que chega,
Ainda inebriada de aroma das rosas da primavera,
Esquecida da frigidez do inverno - até que volte.

Rebente as tramelas do outono que te prende,
Solte as algemas das dores insistente do aceno,
Nas estações os trens se vão e outros chegam,
Exaltando a vida que transcorre ininterrupta,
Alheia às estações e até ao outono melancólico.



Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 16/12/2011
Código do texto: T3392484
Classificação de conteúdo: seguro