Quando o fracasso por vezes é uma bênção…
É demasiado cedo
Ou demasiado tarde
Depende do ponto de vista
De quem te vê acordado
Ou com uma vontade não comprida de dormir
Depende de quem te vê
Se te vê a chorar
Se te vê a sorrir…
E nessa insónia
Ou nesse estado pré-adormecimento
Tentas fazer algo que consideres útil
Que te dê pelo menos o mínimo das morais
Um residual alento…
Tentas abraçar ao mesmo tempo o mundo na sua vastidão
Quem amas na sua total complexidade
Tentas sabendo que vais falhar de forma inevitável
Mas a maior derrota para ti não é o malogro desses gestos
A maior derrota seria simplesmente não o tentar
Porque por vezes mesmo quando fracassamos
O facto de irmos em direcção a um malogro adquirido
É uma forma de amar…
E tentas sabendo que não vai haver uma real coordenação
Entre o olhar e os gestos
E por vezes a voz
O pensamento é fluido
Mas o resto está congelado
O tempo pára
E ao mesmo tempo tudo anda à velocidade da luz
E nesse espaço de tempo
Lá colocas os teus braços na tentativa do impossível plenamente alcançares
Se falhas não interessa
Realmente nunca interessará
Pela razão estúpida e aparentemente incongruente
Que o amor de se querer
Vale determinadas vezes pelo que se tem
Sem nunca o realmente o ter
O amor de desejar
É um dom
A que poucas pessoas em diversas existências podem almejar…