Quando o fracasso por vezes é uma bênção…

É demasiado cedo

Ou demasiado tarde

Depende do ponto de vista

De quem te vê acordado

Ou com uma vontade não comprida de dormir

Depende de quem te vê

Se te vê a chorar

Se te vê a sorrir…

E nessa insónia

Ou nesse estado pré-adormecimento

Tentas fazer algo que consideres útil

Que te dê pelo menos o mínimo das morais

Um residual alento…

Tentas abraçar ao mesmo tempo o mundo na sua vastidão

Quem amas na sua total complexidade

Tentas sabendo que vais falhar de forma inevitável

Mas a maior derrota para ti não é o malogro desses gestos

A maior derrota seria simplesmente não o tentar

Porque por vezes mesmo quando fracassamos

O facto de irmos em direcção a um malogro adquirido

É uma forma de amar…

E tentas sabendo que não vai haver uma real coordenação

Entre o olhar e os gestos

E por vezes a voz

O pensamento é fluido

Mas o resto está congelado

O tempo pára

E ao mesmo tempo tudo anda à velocidade da luz

E nesse espaço de tempo

Lá colocas os teus braços na tentativa do impossível plenamente alcançares

Se falhas não interessa

Realmente nunca interessará

Pela razão estúpida e aparentemente incongruente

Que o amor de se querer

Vale determinadas vezes pelo que se tem

Sem nunca o realmente o ter

O amor de desejar

É um dom

A que poucas pessoas em diversas existências podem almejar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 16/12/2011
Código do texto: T3391834
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