Uma dança nuclear…
Metáfora dos dias que podem ser do fim
Porque quando tudo acaba
Ou parece acabar
Por vezes e por outros sentidos
Há mesmo coisas como esta
Coisas assim…
Tocou o aviso de alarme
O alarme nuclear
E tu estás numa rua
Bem perto do abrigo
Mas tens demasiadas dúvidas
Para o procurar…
O aviso diz que tens poucos minutos para uma salvação
Mas é mais importante estares nessas ruas
Junto das pessoas que não se irão salvar
Para com elas procurares uma espécie de absolvição…
São os últimos instantes de todos
Mas não há pânico
Há uma estranha e sobrenatural calma
Alguém coloca uma música a tocar algures
E essa música inunda a multidão
Perdida
Que como último gesto das suas vidas
Se põe a dançar
E dás contigo
A encontrar o sentido que julgavas perdido
E essa mesma multidão a acompanhar…
E de repente no meio dos minutos do fim encontro o teu olhar
Sim porque é bom dançar
É libertador
Mas só se tivermos alguém que possa connosco fazer par
E resumimos então uma vida
Tudo o que nela sentimos
A uma mera dança
E por isso apesar de meros minutos
Fico com a impressão que sempre estive contigo
Não falando
Apenas olhando
Apenas sentindo
Apenas amando
Porque para tudo poderá ser já demasiado tarde
Mas tu
E essa dança
Antes e depois da grande nuvem
É tudo o que de nós ficará para a eternidade…