Pássaros do infinito
Um dia
Eu pensei que pudesse viver
Um grande amor...
E pelos sonhos que a vida traz,
Me trouxe o teu cheiro.
Bebi do teu perfume,
Como quem morre de sede
E acordei repleto de desejos.
A minha vida, triste e vazia
Foi saindo, como passarinho,
De dentro de uma gaiola...
E eu,
Apenas um pássaro cantor,
Abracei o mundo!
Beijei todos os teus segredos
E tua realidade foi entrando na minha vida!
Vi mais paisagens que meus olhos
Ousariam vislumbrar!
Fui fundo, no centro da minh'alma
E, com calma possuindo teu corpo.
Apenas um pouco assustado,
Por ter sido tirado da gaiola
Pelos teus braços, há tão pouco tempo.
Juntos, fomos tantas vezes ao paraíso!
Por que me empurraste ao desalento
Enquanto eu estava aprendendo
A respirar o ar, correndo
De encontro ao vento?
Porque fugir das minhas mãos,
Enquanto eu plantava flor
Para colocar nos teus cabelos?...
Por que foste embora,
Se não conhecias o nosso verdadeiro destino?
Tapo o sol com a mão,
Rasgo o brilho das estrelas,
Não quero a tez branca da lua.
Estou cansado,
Suado,
Chorando!
Choro tua falta,
Teu silêncio,
Tua ausência...
Meu corpo flutua no ar,
Mal consigo respirar
E não consigo dormir,
Fiquei proibido de sonhar!
Sou pássaro ferido e triste...
Voltarei novamente para a gaiola,
Mas deixarei a chave por fora
E só tu terás o segredo para tirar-me,
Novamente, de dentro dela.
E quando esse momento acontecer...
Quem sabe?
Seremos dois pássaros
Que sobrevoam o azul do céu.
Texto escrito para minha "Alma gêmea"
Que teve morte prematura, nesse espaço, breve tempo.
Texto incluído no livro "Pássaros"
Editora firmeza & rocha - 1989