O Fim do arco-íris…

Seis da manhã

Não sei se estou a sair de casa

Se a caminho de casa

Se à procura de uma casa

Se simplesmente a esquecer uma casa

Sei apenas que estou aqui

Sabendo bem de mais o que dizer

Mas não sabendo

Realmente o que fazer…

E não sei se o sol está a nascer

Se o sol se está a deitar

Pois tal depende da latitude

E da atitude

De quem o encontrar…

Estando pois sem latitude

Estando à procura de uma virtude

Desconhecendo se a insónia

E os seus excessos

Serão um pecado

Ou uma forma de redenção

Deitando os braços à volta do mundo

Para me absolver dele

Ou para dele

Ainda mais

Não me deixar cair em tentação…

Um som invade-me

Vindo do nada

Que é esta rua

Ou este bar

Uma música

Pois desconheço onde estou

Pela tal falta de latitude

Uma música

Que me impele a parar de reflectir

Ainda mais

Que me impele a libertar

Com gestos soltos

Aleatórios

Com um certo “quê” de anarquia

A que um erudito pouco iluminado

Ou simplesmente parco em inspiração

Chamou simplesmente

“Dançar”…

E assim te encontro

Imersa no mesmo estado

Raro

Mas existe

E pode ser o privilégio

Ou a maldição de dois seres

E violando o tal tratado

De não utilizar palavras

Pergunto-te simplesmente

Para onde queres ir

Duvidando muito seriamente

Que me possas

Ou estejas realmente a ouvir…

Mas do fundo dos teus olhos escondidos

Do fundo da tua profundidade

Respondes

Que irás para qualquer lado

Onde te possas encontrar

Sem fugires

Do que vires

Sem de tal te poderes assustar

Dando comigo a sorrir

Porque respondeste à pergunta

Que tanto me consome

Que tanto me alimenta

Respondeste a uma questão

Linear

Mas fundamental

E assim decidimos sem tal verbalizar

Esse fim do arco-íris

Juntos

Irmos encontrar

Uma terra difusa

Mas bem concreta

Que se encontra

Na linha invisível

Que divide a terra

Do mar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 13/12/2011
Código do texto: T3386649
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