O Fim do arco-íris…
Seis da manhã
Não sei se estou a sair de casa
Se a caminho de casa
Se à procura de uma casa
Se simplesmente a esquecer uma casa
Sei apenas que estou aqui
Sabendo bem de mais o que dizer
Mas não sabendo
Realmente o que fazer…
E não sei se o sol está a nascer
Se o sol se está a deitar
Pois tal depende da latitude
E da atitude
De quem o encontrar…
Estando pois sem latitude
Estando à procura de uma virtude
Desconhecendo se a insónia
E os seus excessos
Serão um pecado
Ou uma forma de redenção
Deitando os braços à volta do mundo
Para me absolver dele
Ou para dele
Ainda mais
Não me deixar cair em tentação…
Um som invade-me
Vindo do nada
Que é esta rua
Ou este bar
Uma música
Pois desconheço onde estou
Pela tal falta de latitude
Uma música
Que me impele a parar de reflectir
Ainda mais
Que me impele a libertar
Com gestos soltos
Aleatórios
Com um certo “quê” de anarquia
A que um erudito pouco iluminado
Ou simplesmente parco em inspiração
Chamou simplesmente
“Dançar”…
E assim te encontro
Imersa no mesmo estado
Raro
Mas existe
E pode ser o privilégio
Ou a maldição de dois seres
E violando o tal tratado
De não utilizar palavras
Pergunto-te simplesmente
Para onde queres ir
Duvidando muito seriamente
Que me possas
Ou estejas realmente a ouvir…
Mas do fundo dos teus olhos escondidos
Do fundo da tua profundidade
Respondes
Que irás para qualquer lado
Onde te possas encontrar
Sem fugires
Do que vires
Sem de tal te poderes assustar
Dando comigo a sorrir
Porque respondeste à pergunta
Que tanto me consome
Que tanto me alimenta
Respondeste a uma questão
Linear
Mas fundamental
E assim decidimos sem tal verbalizar
Esse fim do arco-íris
Juntos
Irmos encontrar
Uma terra difusa
Mas bem concreta
Que se encontra
Na linha invisível
Que divide a terra
Do mar…