Um encontro inesperado de Natal...
Por Abilio Machado. 08.12.2011
Acredito que não me canso de contar
Dos meus amores,
Alguns vistos e outros imprevistos
Às vezes como fagulhas me surgem à memória
E me ponho a descrever quase uma psicografia
De uma vida já ida
Não posso parar de escrever.
Não devo jamais esquecer.
Queria me calar por dentro
Seria melhor fechar meu mundo
Não sei bem...
Mas quando recordo de teus passos ao meu lado
Dos dias inseguros à beira do tanque
De estarmos os dois e mais alguém
Não sei bem
Estes olhos tristes te lembram
As roupas molhadas
Era um segundo sem fim
A pele alva tão perto
Mas tão longe do toque das mãos.
Queria para com aquilo, te dizer:
__Não posso mais, vem cá, me abraça e não me faça chorar.
Queria te dizer que eu te adorava
Mas o medo me fazia fugir
Não podia me dar
Não podia ser capaz
De transformar aqueles instantes
Em um daqueles marcantes
Onde só aquele minuto vale
Que os riscos valem
Que a dor vale
Que o prazer consome
E eu fiquei ali, te vendo
Com olhar romântico
E eu?
Fugi...
Fugi de teu corpo e
Entreguei-me a uma incompreensão
Me guardei, me castrei, me escondi
Para quem? Para quê?
Passei uma vida imaginando e se...
Pensava e se...
E se... Que merda!
Como fui idiota...
Neguei a imagem perdida no tempo
Não quis reviver o ato
Fiquei com o desejo de ter você novamente
Queria que fosse diferente
Até te ver passar hoje pela esquina
Nem era mesmo uma rua
Era assim uma coisa qualquer entre os olhares e os suores
Não havia mais a nota disforme
Apenas um réquiem de uma noite mal dormida
No teu braço... Será que lembra?
Noite de Natal
Fiquei lindo enlaçado de presente
Fita, laço, sininho amarrado. Lembra?
No meu quarto, quando te tentava
Te disse o quanto era
O teu cheiro em meu lençol
O banho ensaboado
Os segredos todos eles desvendados
Aquele quarto sempre foi um lugar sagrado
Me dei, me desmanchei,
Me servi em bandeja ao seu paladar
E depois quando te vi sair pela porta
Sabia, aqui dentro meu coração estremecia
Que ia e não voltaria...
Fui tua conquista
Fui teu desejo
Fui-te ver descer pela rua ao infinito
No ontem em seus cabelos cãs
Vi tua tristeza penetrar em minha vida
Passou quase uma inveja do que já vivi
Você minha doce e amarga lembrança
D’um dia que te entregasses a mim...