Oh mar revoltado com o homem

Sobre este mar,

Tempestuoso e revoltado com o homem,

Que lentamente o mata

Um diminuto barco de pesca

Joga-se a sorte que lhe resta

Pedaços de rede feita vida.

Reza-se a virgem aparecida

Soltam-se iscos à sorte

Que jogam com as ondas fortes

Lampejos de vidas feitos,

Pedaços de sina de todo o sofrimento.

Oh mar revoltado com o homem,

Escuta pelo menos suas orações,

E murmuras aos ouvidos de Deus,

Na ponta de uma corda

De uma traineira já torta,

Duas mãos agarram-se a vida,

E ao sustento a entregar aos filhos.

Triste sina malfadada,

De quem não sabe nunca,

Se volta de dia a terra,

Por cima,

Ou por baixo,

Desse imenso mar.

Oh mar revoltado com o homem,

Escuta pelo menos suas orações,

E murmuras aos ouvidos de Deus