RESISTIR
Os pássaros entoam monótono canto
A abafação progride calor infrene
Do céu tomba viçoso pranto
Dançando a atmosfera ardente
A brisa vai se acalmando
Sossega frágil folhagem de repente
O tempo pára por um ano
A tristeza retorna novamente
Nuvens plumbosas aproximam
Raios rasgam o que fôra céu
Trovões lançam versos sem rimas
Sacolejam pobre mundaréu
O vento revolta em cima
Arrasando todo o dossel
Aos pés de meigas árvores enraíza
Concluindo o escarcéu
Chorosas pedras devoram
Destroem belas flores de primavera
Folhas em perigo apavoram
Pássaros esquivam da medonha festa
A vida sucumbe por uma hora
Forte chuva até começa
Barrentos rios transbordam
Todos clamam, a chuva encerra
O riso alegre duma criança
O belo canto dum pássaro
As coisas lindas da infância
Retratadas num imenso quadro
A rebrota duma planta
O badalar dos sinos no campanário
As flores em botões de esperança
A vida recomeça ao máximo
Após a tempestade se abraçam
Laçam suas mãos num ato encantador
O sol sorri, a lua engraça
A brisa corre sem rancor
Os dois retornam à praça
Coração palpita sem ardor
Os sorrisos extravasam
Equilibram-se recheados em mimos de amor
"A distância provou que nossos corações sentiram falta um do outro...te amo, flor!"