assim é o amor(08/05/06)
Amor meu, sem face
Sem peito, sem alma.
Com tudo se acalma...
Por nada, renasce.
Amor que se entrega,
Que se perde ao vento
Com um só pensamento:
"Que amor não se nega."
Amor meu, sem fruto
Que nada lhe alegra.
Amor meu sem regra
Ou sem estatuto?
Amor que se perde
No escuro, calado
Amor que, ao amado,
Dá mais que pede.
Amor caridoso,
De mãe, de qualquer
Que seja a mulher,
É revigoroso.
Meu amor furado
Jogado num rio.
Meu peito vazio
E a dor do meu lado.
É a garrafa seca
O cigarro aceso
O último e ileso
Trago na caneca...
É a foto amarela,
No bolso da blusa,
Amassada e suja,
Com o rosto dela.
É a noite acordado
Ouvindo a Diniz
Sendo um infeliz
Muito mal amado.
E nada me apaga...
Tão pouco o cansaço.
Queria um abraço,
Pois só um me afaga.
Queria o segredo
P'ra ludibriar
A dor de se amar
Só p'ra amar sem medo.
Mas o amor é forte
Que resiste à ida...
Que mesmo sem vida
Existe na morte.