PORTO-CORAÇÃO

Soltei as amarras e deixei teu navio partir sem medo

Para singrar outros mares sem segredo,

Aventurar-se como ave em arribação.

Meu cais ficou vazio de sua âncora,

Tremulou indeciso meu porto-coração,

Balançou em permeio sua velha embarcação.

Deixei-o enfrentar mares bravios,

Vencer seus receios fazendo desafios

A sua própria sorte.

Colher tempestades de dúvidas

Que abalroarão seu casco com promessas de porte.

Divisei ao longe sua fortaleza destemida

Com a proa ao vento desmistificando a vida.

Nem as ondas fugazes das ilusões

Tiraram-lhe as certezas e decisões.

Foi-se rumo ao futuro que lhe espera;

Cargas de flores farão sua próxima primavera,

Canção de sol aquecerão seus dias,

Seu oceano será vasto de alegrias.

E assim, solto de mim mais uma iniquidade

Até o advindo inócuo da saudade

Para vestir de negro

a alma vazia de eternidade.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 06/01/2007
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