E SE O MAR SECAR?
O que há de ser dos amores lá jogados
Dos pavores lá deixados
Dos temores lá gravados.
...e as areias lá do mar?
O que há de ser das nossas esperanças
O que será do horizonte e do pôr do sol
E as ondas doces do mar? E o mar...
E SE O MAR SECAR?
O que será do verde que empresta aos seus olhos
E as sereias, e os segredos, e os mistérios...
Quem irá beijar suave, a areia carente?
E as falésias, e as cantigas, e as paixões...
Quem herdará os seus tesouros, os seus louros.
E os Mouros, e a Rosa... Quem consolará?
Quem estancará o sangue inocente no Atlântico
Nas veias dos negreiros
E quem acalentará a dor ancestral
Dos irmãos negros ávidos por liberdade...?
E SE O MAR SECAR?
Quem acariciará os dramas, as decepções.
As dores de amor, a doída candura das ondas...
O que será de Janaína, da menina, da sina.
Do canto das águas, que a tudo anima...
E SE O MAR SECAR...?
WALMIR PIMENTEL, DEZEMBRO DE 2007.