A um amor no Loire
Petrópolis- Inverno de 2003.
E você que me atormenta os pensamentos e
alimenta eternamente meus desejos mais íntimos e proibidos,
como andas?
Flor branca da Normandia cheirando à mirra
acariciada por fresco Mistral
que anuncia a primavera dos meus olhos de luz;
o verão da minha boca roxa;
o outono de minha pele preta
e o inverno das incertezas recíprocas
Linda que não me sai da lembrança e
invade meus sonhos sem autorização ou juízo.
Voz que ainda soa doce ao coração
e a um amor latente,
porém inteiro.
Saudade que insiste em consumir e ensandecer-me
Dê um nó no tempo e surpreenda-me.
Volte logo pro peito do seu escravo, volta!!!???
Vem cá sentir o cheirinho de ozônio dos nossos Alísios
e as águas mornas do Atlântico sul
que sempre testemunharam amores tão despudorados.
Imponha-se como quiser,
possua me na medida mais adequada
a que o fogo reacenda.
Ao corpo que se manifesta quando ouve seu nome
em arrepios febris
resta o contentamento da saudade
implorando a voz
que repita seu nome em nome do tempo e da vida.
Em meus olhos
Que sempre reste uma doce ilusão
essa dor estendida na alma
de um brilho forjado em vão,
que transforme tormento em calma
falsa luz em vasta escuridão.