Faria tanto, fiz tão pouco
Sabe, meu amor,
Estava pensando aqui:
Será que é esse mesmo
o nosso triste fim?
Entenda, meu amor,
Tive medo de amar,
Tive medo de cair
e não saber mais levantar.
O céu está bonito,
Está vendo aquela luz?
Parece com você,
De um modo que não se traduz.
Disseram-me uma vez
Que eras menina de casar.
"Vai lá, lhe dê um anel,
Compre uma casa e vão se juntar!"
Mas, menina,
Olhe só pra mim.
Não tenho nada, nadinha!
Já não sei nem mais sorrir.
Façamos o seguinte:
Você me empresta seu sorriso
E te dou tudo que sou.
Se meu tudo for muito pouco,
Te entrego um coração.
É seu. Toma aqui.
Então, menina, deixe eu te contar
Tudo o que eu queria.
Tudo que sonhei,
Pra'quele nosso dia.
Eu te construiria uma casinha de madeira,
Regaria nossas flores
Vendo você de jardineira.
Te acordaria com um beijo,
Com um abraço,
Ou um chamego.
E, pela noite, te deitaria numa rede,
Te cuidaria até pegar no sono,
E pediria amor pra matar a minha sede.
Essa sede de estar perto,
Sentindo-se longe.
Essa sede de te querer mais do que devo,
De querer demais e poder fazer tão pouco.
É, menina, viveríamos os dias
Fazendo música e poesia.
Tomando um café e trocando os cigarros.
Tudo isso juntos e enamorados.
Quero-te tanto,
Posso quase nada.
Mas me deixa sonhar, vai...
Isso aí não custa caro.