Estou de volta para mim
Lembro-me quando era uma frugal lagarta,
forma larval, encoberta, desejando ser feliz
pequenas teias em meu corpo ia se formando
apenas de tuas folhas secas me alimentava
nada mais exigia, a inércia me acomodava
Numa metamorfose tardia e desesperada
mudei a pele, teci fios de ceda, me anulei
Uma linda crisálida acuada, com medo
dentro do casulo protegida, chorava,
você de fora, intrépido, me subjugava
Em plena fase do ímago, de mim me perdi
quase sem forças o duro casulo rompi,
olhei, antes de sair, para dentro de mim
Contemplei fora meu corpo e asas formados
pronta para voar olhei o mundo e me atrevi
Antenas em plumas, asas em tons coloridos,
a luz do sol cedendo a elas seu brilho
formavam desenhos de raríssima beleza
Desfilando diante de teus olhares alaridos
lá fui eu, uma bela e majestosa borboleta
O passado deu lugar a um voar livre
em linha reta não olho atrás, cuido de mim
pouso onde quero, de flor em flor, futurista
Vejo tuas lágrimas quase me perdendo de vista
Para que eu não voe longe, cuida do teu jardim
Liberta de tudo que me prendia
minha alma está de volta para mim