A Giralibertar

Depois que o dia se acaba e o sol se vai
O girassol se inclina, parecendo entristecido.
Mas não é isto, é só o sol que é perseguido
Pelo olhar transcendente que também cai
Daquela flor que vê e segue o colorido
Como se fosse este planeta transparente.
E quando a gente pensa que está triste, dolorido
E cabisbaixo pelo seu Amor ausente
O girassol, feliz da vida, é um vidente
Com a Alma ensolarada a acompanhar
Porque enxerga com ela depois do poente
O movimento do sol, a terragirar
Como eu, um giraLua
Que ando cabisalto, à noite, pela rua
E que de dia sou um girassol inverso
Só porque vivo submerso
Como ele, parecendo tristonho
Pela simples razão de que não vivo: Sonho...
E quando todos se enganam com nossa falsa tristeza
É o momento em que mais nos entregamos à beleza
Dois espadachins, costas nas costas, se protegendo
Dos que não vêem o que estamos vendo
O Girassol e eu, os dois seguindo a liberdade.
Ele fugindo da terra, seu mundo-grilhão, a girassolar
E eu do meu coração, no peito-prisão, a giraluar...


(Repostado a pedido de uma Amiga)

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 02/12/2011
Reeditado em 17/12/2011
Código do texto: T3369201
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