Declaração
Ao meu amor
No desfazer veloz das circunstâncias, nas demoradas noites em silencio mútuo, nos olhares afoitos de adeus, que tanto açoitaram nossos corações e ameaçaram a existência ínfima de duas almas que já não eram mais donas de si mesmas.
Toda a singularidade se perde quando a fusão ocorre.
Tornamo-nos ridículos.
Obsoletos em um mundo onde tudo se resume a dois...
Subserviência.
Gozo.
Impaciência.
Debalde lutamos contra tudo aquilo que é natural em nossa inconsciência, e o juízo, afetado pela imoralidade que transpõe as circunstâncias das coisas mais efêmeras, deixa-se levar pelo caminho que trilha a nossa dor.
Quiçá é essa dor que nos revela que quem ama, nem sabe porque ama?
Aflição.
Escravidão.
Contemplação.
Ah, mas se ela pudesse ouvir meu olhar, ler minhas mais secretas intenções... Houve um tempo em que tudo parecia ser mais simples e eu, só, teimava em não me exasperar por cousas que outrora sonhava em não sonhar.
Agora sou dois, e por que tentar compreender quando o que está diante de meus olhos se mostra, assim, tão frugal?
Sonho.
Beleza.
Inconsistência.