Na nossa contagem da saudade…

Na voraz contagem

De corpos

De ideias

De ideais

De sensações

Olhamos para o que deixámos para trás

Na tentativa vã

De não voltarmos a fazer o mesmo

Porque tal nos dá ao mesmo tempo prazer

E ao mesmo tempo

Um irreprimível medo…

Porque quando nascemos e aprendemos a contar

Dizem que apenas em nós

E nos relógios

O tempo costuma passar…

Chegamos então à idade das verdades inadiáveis

Onde descobrimos

Que o tempo se conta

E passa de diversas maneiras

Sendo a menos relevante

E ao mesmo tempo a mais importante

Aquele que passas à minha beira…

Sim

O tempo conta-se sobretudo

Nas pessoas

Nos afectos

Nas palavras

Nas sensações

No que dissemos

No que deixámos por dizer

Nas promessas não cumpridas

Que deixámos para trás

Numa vida

Que é demasiado pequena

Para nela lá caberem todas as sensações

Todas as pessoas

Todas as promessas

Que quisemos jurámos mas que deixámos por cumprir

No que quisemos sentir

O tempo faz-se com um actualizar constante da realidade

Em que quem está

É que conta

E o que deixámos para trás

Será

Ou deverá ser na maior parte dos casos

Mera saudade…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 01/12/2011
Código do texto: T3366323
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