Na nossa contagem da saudade…
Na voraz contagem
De corpos
De ideias
De ideais
De sensações
Olhamos para o que deixámos para trás
Na tentativa vã
De não voltarmos a fazer o mesmo
Porque tal nos dá ao mesmo tempo prazer
E ao mesmo tempo
Um irreprimível medo…
Porque quando nascemos e aprendemos a contar
Dizem que apenas em nós
E nos relógios
O tempo costuma passar…
Chegamos então à idade das verdades inadiáveis
Onde descobrimos
Que o tempo se conta
E passa de diversas maneiras
Sendo a menos relevante
E ao mesmo tempo a mais importante
Aquele que passas à minha beira…
Sim
O tempo conta-se sobretudo
Nas pessoas
Nos afectos
Nas palavras
Nas sensações
No que dissemos
No que deixámos por dizer
Nas promessas não cumpridas
Que deixámos para trás
Numa vida
Que é demasiado pequena
Para nela lá caberem todas as sensações
Todas as pessoas
Todas as promessas
Que quisemos jurámos mas que deixámos por cumprir
No que quisemos sentir
O tempo faz-se com um actualizar constante da realidade
Em que quem está
É que conta
E o que deixámos para trás
Será
Ou deverá ser na maior parte dos casos
Mera saudade…