Saudades do pedestal
Devagar ela segue com dignidade
Passos largos e firmes entre as mesas se movimenta
com delicadeza e mansidão
A luz lateral a equilibra e levemente toma-lhe o corpo
Em evidência pernas, seios empinados e cabelos retorcidos
A longa caminhada sugere não ter fim
As luzes são nuvens que acoberta a pouca roupa que teima em esconder o corpo
Roupagem desnecessária, desnuda e ofegante é bela e singular
Altiva, o seu perfil clareia a noite e a divindade se expressa em cada movimento
As notas musicais que embriagam a alma compõem o cenário
No lugar de sempre explodem a sensualidade e a paixão
Sua carne viva e desejada queima almas apaixonadas
Mamilos inteligentes, macios e salientes repousam no ar
Onipresente a deusa se mostra
Delicada evolui modelando coxas, pernas e seios
Um novo corpo toma lugar diante de minha retina cega
A gazela se desloca e as pálpebras se abrem de sentimentos conflitantes que atacam os nervos e roubam a energia da alma
Diletante o pensamento é traído pela emoção
Emoção louca, sem lugar, humilde e incapaz.
Bela, escandalosamente sensual, invade olhos sedentos
Sedentos de paz e prazer, mas cobertos pelo terror das obsessões produzidas pela imperatriz do pedestal
Em pêlo, ela se movimenta, o mundo se acalma...
Ao descer do pedestal, de soslaio observa a retina dos que ficam e se vai deixando saudades.
Lúcio Alves de Barros