Sedentos
Sonhos de vez desintegrados
Sem cortejo, prece ou beijos
Manhãs tristonhas de outono
Vigiam amargurado abandono
Sepultada sem pena a alegria
Massacre impiedoso da magia
Descem as cortinas do medo
Almas torturadas em segredo
Ressecadas as floreiras do amor
Mortas as árvores da esperança
Agoniza emudecida a claridade
Correntes cerceiam a liberdade
Indefesas morrem as borboletas
Passarada cala melodiosos cantos
Estatelada jaz no solo a felicidade
Máscaras ocultam a fria realidade
Tétrico cenário aninha os corações
Órfãos perdidos da suave ternura
Aprisionados nos corpos robóticos
Tristes vidas arrastadas à loucura.
(Ana Stoppa)