Disseram-me um dia…

Que o tempo era mentiroso

Que podia brincar à vontade à eternidade

Disseram-me um dia isto nos meus primeiros anos

Disseram-me que era mentira o envelhecer

Que só envelheciam os sábios

Ou os amantes amargurados

Que todos morrem

Mas que os outros morrem como jovens

Devido à sua forma de ser…

E também me disseram

Que o mundo era composto de anjos

Que todos estávamos destinados a voar

Que o céu era o limite

Que o alcançaríamos por meramente sonhar…

Que o amor por vezes era para sempre

E que nenhuma força do universo

O pode acabar

Porque sem amor

Somos anjos sem asas

E que por isso

De facto nunca poderemos voar…

E reparei então demasiado tarde

Que nem sou sábio

Nem sou um amante amargurado

E no entanto dei comigo a envelhecer

Sem que nada possa

Para evitar tal acontecer…

Notando entretanto que os anjos são raros

Que somos afinal todos humanos

Que só voamos com asas artificiais

E que mais do que prazer

Demasiada gente quer é mesmo outros magoar

E eu sonho de facto

Mas o céu

Só nos filmes a três dimensões posso efectivamente tocar…

Mas no meio desta realidade

Do fim supremo da ilusão

Sei que o amor pode ser para sempre

Sei porque o sinto

E não há dor

Não há desilusão

Que mo possa roubar

Sei

Porque mesmo quando triste

Amo

E quando mesmo triste

Sonho

Mesmo quando triste

Eu me sinto de uma forma tão bela que tal custa a explicar

Eu me sinto nas nuvens

Eu me sinto

Desde bem pequenino a voar…

Miguel Patrício Gomes
Enviado por Miguel Patrício Gomes em 30/11/2011
Reeditado em 30/11/2011
Código do texto: T3365119
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