Divina Escultura
Tua beleza és tão natural que parece
Que tu foste esculpida pelo gotejar
Duma gruta cheia de estalactites...
O local era vasto e silencioso,
Ouvia-se a sinfonia das gotas ao
Caírem no chão, formando assim
Os teus pés e pernas...
Pés pequenos e delicados,
Pernas lisas, bem torneadas
Por gotas cristalinas!
Pingo a pingo, gota a gota,
Foi-se formando teu quadril e nádegas,
Ficaram tão perfeitos, que mais
Parecem monte onde repousa a grande
Escultura de Cristo com os braços abertos!
O teu tronco foi-se
Formando lentamente,
Com a sinfonia das gotas a pingarem...
O sulco que tu tens atrás de tuas
Belas costas, mais parecia leito de
Rio com o correr das gotas para formá-lo...
Teu busto para ser formado,
Obteve a ajuda dos ventos para secá-los
E torná-los rígidos, ventos que adentravam
A gruta com sopro e uivos
À procura da obra a ser secada!
Teu rosto demorou três dias e três noites
Para ser concluído, para que teus traços
Ficassem marcantes aos olhos de quem admirar...
Tua boca foi feita por duas gotas
Que deslizavam por teu rosto
E ao mesmo tempo vinham desenhando as
Maçãs da tua delicada face, assim
Encontrando-se como num beijo para o
Término de tua delicada e carnuda boca!
Teus olhos foram feitos de gotas
Mais espessas, para dar firmeza em teu olhar...
O brilho destes teus olhos foram adquiridos,
Graças as pequenas partículas de cristais
Misturadas as gotas que caiam!
Teus cabelos tomaram movimentos
Com as gotas e com os ventos que
Sopravam uivando gruta a dentro!
É assim tu foste esculpida bela mulher!
E eu sou um reles mortal,
Feito de barro que fica aqui a admirar-te!