Viajante solitário

Se um dia meu coração apaixonar por você

A alma se libertar na alegria de viver,

Não chore por mim uma gota sequer

Sob suas pálpebras, meu doce querer.

E na questão pecaminosa nem solte

Pétalas da rosa que se acalma na brisa:

Não desejo que uma sombra de tristeza

Se cale por meu alegre e calmo viver.

Eu amo a vida como amo a natureza viva

Da alegria, do rodeado cancioneiro,

Como as horas de longo amor e prazer

Que aumenta ao toque de cada renascer.

Como o “repatriamento” de meu coração cigano,

Onde a chama delirante gradualmente o queimava:

Não guardarei saudade desse momento

De afável fantasia que embeleza e me guia.

Não guardarei saudade sua, desse amor

Que clarea minhas noites de magia

Abraçando-lhe, ó minha doce amada, idolatrada,

Que para minha felicidade algo fazia!

Mas guardarei saudade de meus ancestrais, dos amigos,

Verdadeiros - bem poucos – que prazerosamente me ajudavam

Quando, nos momentos difíceis, todo atrapalhado,

Minhas lágrimas pelo chão sucumbiam.

Uma gota de lágrima me faz chorar, um rio me inunda,

Uma alegria nos olhos me faz enternecer de amor,

A vida que sonho com você, que jamais encostou

Tua boca na minha para me beijar profundo me inebria!

Apenas você traz-me a mocidade sonhada

Que flores a esse alegre poeta oferta…

Que vive a doce esperança de dias melhores

Amando por prazer, em delirio, de felicidade a viver.

Beijarei teu sonho, teu encanto ao me olhar e sorrir,

Verei cintilar teu canto, teu sonho sonhado e risonho…

Ó vida minha, das alegrias encantadas, amor meu,

Eu não hesitarei em ficar contigo!

Não deixarei que tomem esse lugar tão habitado

No bosque das ilusões perdidas, agora encontradas

À sombra do arvoredo, onde nele está gravado:

Pobre poeta que sonha e ama sem ser amado.

No topo mais alto da montanha, verei rios e lagos

Que minha alma canta e ama desesperadamente,

Protegerei o meu coração ainda muito apaixonado,

Na clarividência dos dias de sol e noites enluaradas.

Mas no instante em que surgir os pássaros do amanhecer

Quando as flores abrirem-se cheias de prosa,

E a árvore do bosque das ilusões perdidas florescer

Iniciarei uma bela viagem, antes do anoitecer.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 04/01/2007
Reeditado em 04/01/2007
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