Se tu não existisses
Tua casca discreta e quase imperceptível
Teu cerne arrojado e só acessível a poucos
Tua sanidade típica dos quase-loucos
Teu gosto pra lá de criminal ou cível
Tuas zangas fáceis, teu perdão difícil
Tua entrega simples e facilmente
Teu pé atrás, teu medo na frente
Tua falta de defeito como vício
Teu perfeito senso de fazer escolhas
Teu quase sempre risco de escolher mal
Teu riso que de tão belo nunca vi igual
Teu silêncio de possível ouvir o cair das folhas
Teu amor declarado sem qualquer esforço
Tua ausência fácil, num piscar de olho
Tuas dicotomias que em mim recolho
Teus sonhos que chamei de meus desde moço
E de tão perfeito apesar das estrias
Uma única conclusão acima de qualquer crendice
A de que se por qualquer motivo não existisses
De alguma forma eu te inventaria