RENUNCIAÇÃO
Eu próprio abandonei-me e alheio a tudo
saí por aí sem levar nada, a não ser
minhas dores e os desenganos, companheiros
perseverantes que me acompanham algum tempo.
Não quis e nem agora quero saber, se terei
obstáculo pela frente, se ileso sobreviverei aos
contratempos, afinal existem pelo corpo
inteiro de minha alma marcas profundas que
forçaram-me deixar de esperar...
Amanhã talvez vá descansar em uma
sarjeta agasalhado por minhas recordações,
observado pelos os que ali passam, sem saber se vão
considerar os meus ocultos sentimentos.
Não sei dizer se terei mais morada, ou se
o céu enfeitado com suas estrelas de agora
em diante será o meu único teto como moradia,
cortesia oferecida como prêmio de meu desafeto...
E assim, quem sabe se não foi por minha própria
culpa que recebi essa dádiva dolorosa, verdadeiro
e ultrajante insulto de quem hoje contempla do cimo
situacional, todo o meu melodrama emocional...