Rascunhos…
Mera necessidade de arranjo de palavras
Que desde sempre existiram em nós
Bom ou mau esse arranjo
Tal é subjectivo
Dependente de qualquer interpretação
Mas tantas vezes essas palavras
São a derradeira forma de expressão
Para não nos sentirmos sós…
Meras palavras
Com alma da intenção
De um motivo
Que adaptamos aos novos tempos
Às nossas redes virtuais
E embora amemos
Por vezes esse amor não está connosco
E no seu lugar
Uma série de estranhos e estranhos
Sentem e vivem essas palavras
Essa estranha sensação…
Mas são meros rascunhos
De duvidosa autonomia
E de mais duvidosa eficácia
Porque as palavras para terem um efeito concreto
Um efeito real
Devem ser ditas nos olhos
E se acreditam no contrário
Acreditam na maior de todas as falácias
Porque o virtual nunca será real
E acreditar em tal
É aceitar a rendição
À mais sofisticada
Forma de alienação
De dominação
Porque o que é real
Verosímil
Só acontece
Quando sentimos na palma da mão
Na pele
O rumor de uma alma
O bater de um coração
E por isso estas palavras
Nunca passarão de mais um banal testemunho
Nunca serão mais
Do que um vulgar e trivial Rascunho...