BOLO DE LÊTRAS
Se quiseres muita luz escureça e verás a estrela cintilante e cadente
Se a queres pouca risque um palito de fósforo e me tens rastejante
A luz que me desejas é a mesma que te dou de volta...
E vem a impiedosa rosa e sob este jardim desmaia
E vem o pirilampo saltimbanco oferecer sua luz
E a rosa toda prosa sem amor se debandava sem o seu amado cravo
Tentava sumir pelo jardim
E o jasmim lhe emudecera a fazer crescer
Qual lua de folhetim!
Mesmo assim veio a fada pirlimpimpim
Olhou a rosa e via que ela chorava pétalas de solidão
Que sumiam nas horas infinitas
Com tecidos de fitas se levantava em colorido cetim
E amava a esperança
De ter em suas ancas
As andanças que o vento bonança lhe trazia
E via seu amado voando como penas da ave da cotovia
Já não tinha chão, mas lhe acendia o vão
Sua raiz estava fragilizada como brasa de carvão
Por que o amor daquela estrada lhe consumia!
E viu então sair do carro um beligerante homem
Com chapéu de palha e mocassim lustrado
Trazia em sua mão um vaso de barro
Dentro dela um lindo cravo
Da qual se apaixonou
E o cravo todo contente
Nada via a sua frente
Senão o dono que o adubara sua esperança
Caíra de suas mãos de pelica então
O vaso que se espatifara no chão
Ele seu dono com o olhar de um orguhoso sultão
Dissera que outro vaso haveria de comprar...
Mandou seu motorista voltar pra floricultura de antão...
Então o cravo encontrara-se pelo chão do destino
Sua rosa cheirosa e foram felizes para sempre
Tiveram outros botões que se abriram para a vida e para a rima
E colocaram seus nomes de rosas-meninas
A poesia é um eterno bolo jamais bolorento
Jamais se para de comemorar o seu ani-VERSÁRIO
Comemoras comigo?