COLO DE AMOR

Metade de mim é tua é carne crua

Mais a outra metade de meu eu tá morto

Sou metade das flores nuas

Cemitério é-te neste teu horto hirto

Ordenho polens de saudade

Lembranças voam na frialdade

Um anjo torto me pousa

Sem me fazer alarde

É pausa que dentro de ti repousa

Minha lousa é negra

De pó me risca me belisca me arde

Tua lua é pálida

Só me chega tarde

Onde está alada crisálida

Se me riscas na tarde

E te acendes na noite pálida

Como açoite me arde

Cavalgando a fêmea da madrugada

Dragada pelo orvalho de um Carvalho

Curtido de sagrado líquido

Da qual me embriago

Como te trago

Dentro de ti

De canudinho

Sugando-te todinha

Pra se misturar

No meu ar

Quando

Eu dentro de ti

Embriago-me lânguidamente

Como um pássaro notívago a voar

Vai devagar fremente mais devagar

Para que amanheças

Em meu colo a divagar

Sem pressa

Não temos onde chegar

Vem descolada me colar

Por dentro de ti

Deixa o bem-te vi-chegar!

E adormecer no teu aninhar...

(*Todos os textos de minha autoria são inspirados no amor universal e não reflete necessariamente uma experiência de cunho pessoal)