MEU BEM
O mal que me faz
a falta do meu bem
é maior do que tudo
que faço pra fingir
que vivo bem
sem alguém
que me queira bem
De tanto viver em pranto
acostumei-me com idéia
de deixar minha alma
jogada em qualquer canto
E quando olho adiante
todos estão distantes
Sei que sou um egoísta canalha
um homem que julgava
ser merecedor de um banquete
e justamente, vive apenas de migalhas
Minha carência sem fim me enlouquece
não existe mais o verão que me aquece
Vivo num mundo particular
em que o inverno desce lento
em meu leito sombrio no inferno
Perdi o gosto pela vida
assim como a vida
perdeu o gosto por mim
Devo ser merecedor
de todo mal que espreita
Não tenho mais nada a oferecer
além da minha amargura, tristeza
e visão estreita.