Ensinando a Pescar


Quando novembro traz chuva no sertão
A carpideira rasga a terra e nela faz um vão
É a época de semear arroz, milho e feijão
Pai preciso de dinheiro para pagar a faculdade de administração
Nada mais justo se sou a filha do patrão
Quer dinheiro filha minha?
Seja corajosa e faça uma plantação de milho safrinha
Meu pai é um homem justo mais muito exigente
Aqui esta a terra e aqui esta a semente
Minha mãe chorou e de mim sentiu pena
Mas meu pai disse: 
É para o bem da nossa filha morena
Guardei na caixa minhas poesias de puro amor
Subi como uma princesa em cima de um trator
Ao arar a terra vi vermelha aquela imensidão
Mesmo em meio a poeira meu olhos brilhavam de paixão
Misturei o adubo a semente
Fazendo curva de nível aprendi a ser gente
E quando acabei de plantar caiu uma chuva fina do céu
Meu pai não disse nada
Mas chorei quando ouvi ele dizer para minha mãe
Tenho orgulho da minha filha Raquel
Acho que aprendi a lição
Sim, eu sou a filha do patrão
Aquela que é a primeira a ter calos nas mãos
O milho veio crescendo garboso
Enquanto passava pela minha vida mais um mentiroso
Querendo tirar a minha paz
Mas pela primeira vez ouvi o conselho de meus pais
Não se deixe dominar nunca moça de Batatais
Enquanto o malandro se balança na rede
Estude filha e troque ele por diploma pendurado na parede
Todo ser humano tem o seu valor
Diante de Deus se ajoelhe porque ele sim é Nosso Senhor
Mas diante de um homem
Só feche os olhos e se entregue exclusivamente por amor
Porque independência com responsabilidade
Ainda é o melhor antídoto da dor...





                                          



 

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 16/11/2011
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