AMORLOGANDO

Caminhei muitas vezes sozinho

Meus pensamentos loucos pareciam-me espinhos

Me espetavam por algo inexplicável

Não entendia do que se tratava

Pois, minha alma estava vazia

Sentimentos, o que é isso? O que são?

Desconheço essas agonias;

Sinto-me uma fera,

Preso a uma armadilha;

Ancioso por ajuda,

Acometido pelo medo, desespero...

Me ponho em prantos

Oscilam-me as lágrimas,

Meu coração palpita demasiadamente,

Meu sangue pressiona-me,

Minha mente me força,

A ajuda não chega...

Me sinto fraco,

Não sei por quanto tempo resistirei mais...

Não quero amar

Essa droga adentrou-se em meu corpo,

Atinge meus ímpeos tormentos,

Massacrou meus anticorpos,

Controla meus pensamentos,

Me leva ao lamento das horas tristes e vazias;

Encantei-me por um anjo

Com face de demônio,

Que me prende aos seus sonhos,

Acorrenta-me na insanidade do desejo;

Meu corpo treme, minha alma resiste,

O calor se propaga pelos finos pêlos da imensidão de sua marionete...

Sou manobrado, incumbido e algemado

Por um sentimento que fiz questão de destruir

Do meu dicionário,

Queimei as páginas dessa cina que me acometera;

Pois, quero ser imune a esse vírus letal,

Que me acomete pouco a pouco,

Corrói-me milimetricamente óstil

Na inocuidade de sua ação,

Me deixou lesado, cansado,

Descompassado, abobado, desmiolado,

Abandonado, refugiado, bitolado, encantado,

Desfrutado, enganado, fracassado

E tantos ados mais...

Maldito particípio que se implantou no meu destino,

Malditos verbos que me cercam,

Como livra-me deles?

Amar é caminhar por uma ponte

Iminente a uma queda em um abismo

Profundo e obscuro,

A qual a solidão nos espera...

Amor e sofrimento são sinônimos irrefutáveis

Ao qual insisto em escapar

Não pretendo ficar a mercê desse bandido

Que invade minha lucidez

E passa a controlar minhas vontades

E que manipula meus pensamentos e desejos;

Insisto em lutar com esse invisível,

Mas é inútil e desleal

Talvez já tenha perdido a batalha;

Não tenho mais força para continuar o duelo,

Já estou acometido, ou melhor dizendo,

Já estou apaixonado...

Porém, não sou correspondido,

Talvez eu não sirva para amar,

Não tenho este privilégio,

Posso apenas me lamentar

Correr atrás dos infortúnios

Ou das insignificâncias do meu casulo...

Cortaram-me as asas

Não sou livre para voar

Só posso buscar meus sonhos

Na incerteza de alcançar

Meus objetivos são planos

Os quais eu tento manipular...

A vitória é uma doce praga,

Nos vicia a querer sempre ganhar

Mais e mais quero vitória

Posso então me desviar

Sei então que não demora

De o abismo me tragar;

Meu amor é impossível,

Sempre esteve incumbido

A lançar-se ao mar,

Sem refúgio e sem abrigo,

Minha cina é naufragar;

Vale apena todo risco,

Corro em busca do perigo,

Para não ser prego de surpresa,

Enfrento de vez o bandido,

Para que não roube meus sentimentos,

E dite os mandamentos,

Os quais eu tenho que aceitar...

Talvez eu seja corrompido

Ou até mesmo induzido

Pelo amor lutar;

Não tenho mais palavras,

Meu dicionário se esgotou,

Rasgo então esse maldito,

Fico louco e em silêncio,

Quero então ser exaurido,

Dessa corrente que me prende,

Desse laço que me acomete,

Viro então marionete,

Desse amor que insiste,

Em meu coração manipular...

Não quero ser brinquedo,

Luto apenas por um beijo,

E em seu corpo acalantar,

Sou fruto do desejo,

No entanto eu percebo,

Que você é minha essência ,

Do tormento a saliência,

Quero te amorlogar...