Sou

Ah! Não ser mais que o vago, o infinito!

Ser pedaço de gelo, ser granito,

Ser rugido de tigre na floresta. (Florbela Espanca. In livro das magoas)

Sou gelo.

Sou brisa do mar no amanhecer.

Toco-te. Sinto o teu calor.

Sou fera faminta.

Sou leão ao norte.

Sou colméia pra você saciar o mel.

Eu queria ser profeta.

Talvez eremita.

E morar no alto da montanha.

Uma casinha de sapé, bem aconchegante,

De fogão a lenha, ter cabra e vaca,

Ter porquinho e periquito.

E lá no alto da montanha,

Quem sabe meus dedos toquem a ponta da estrela,

Quem sabe não viajo na calda do poema.

Eu sou rio.

E deságuo no teu leito.

Toco-te. Há substancias no teu amor.

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 14/11/2011
Código do texto: T3335937
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