QUAL O LOUCO QUE CRÊ NO AMOR?
Qual o louco que crê no amor?
Qual o louco?
Inocente, ausente, demente,
Aquele que crê nas falas,
Indomáveis, intermináveis dos homens,
Tão iguais, tão tais...
Que nos chamam de princesas,
Belezas, daquelas que põem mesas.
E nos cantam os gestos,
Os olhos, movimentos mil,
Das bocas, rubras, loucas,
Trêmulas ou serenas...
Desses lábios torneados,
Delicados e febris!
Qual o louco que crê nas falas
Dessa gente incontente, impotente,
Desse mundo contumaz, falaz, incoerente!
Qual o louco que crê no amor?
Essa fórmula exógena, exterior,
De um amor que o verdadeiro amor tem pejo,
Porque se resume a mero e humano desejo!