Flores ao chão...triologia(n°02)
Flores ao chão...
Depois...
Do deleite...do frenesi da paixão
Da alucinógena subversão...
Do êxtase da fascinação...
Das juras dignas de um trovador...
Estalou-se o amor...
Enalteceu o meu sentir toda vez que segredavas a mim...
Naqueles tempos de amor segredado...de passos largos de olhadelas de soslávio
De desenhos de aquarela...
Sempre vinhas risonho com elas...róseas...amarelas..vermelhas...campestres...de papel hermeticamente dobradas em mil e uma dobras de papel...nas quais dizias que eu podia...ler o quanto teu amor era meu...
Entretanto....o céu que pintaste só pra mim...se tingiu de desastroso nanquim....e hoje vasculho o que fui que lhe fiz...pra fugirdes assim....
Pra desterrar-me assim...ao calabouço inócuo dos sem amor....
E da nossa sala cheia de retratos caros...só sobrou um escasso pedaço de um retrato nosso...o qual alias na tua fúria recortas-te o pedaço que estavas tu...e eu tal feito o retrato fiquei com o peito esmigalhado...por um buraco atônito de desconcerto...
E pra me ferir ainda mais....destroças-te meus mil miozotes...meus narcisos...e o que fizeste aos meus lírios é de amordaçar o coração...
Se destroças-me era pouco o que fizeste a meus sonhos era-lhe pouco...por isso...talvez não julgavas ser suficiente...então levaste consigo o calhamaço de cartas...minhas esculturas mais valorizadas...e pra minha mais voraz desestrutura arrancas-te da moldura o meu primeiro quadro pintado na alta madrugada retratando a minha espera de mil anos por esse que um dia chamei de amor...mas que hoje só me resta chamar de facínora...vil...pestilento....enquanto amealho os últimos cacos do chão e de meus pensamentos...e misturo meu sangue que jorra a borbotões...em meio as pétalas de minhas amadas rosas ainda taciturnas...destroçadas pelo chão após terem assistido o enterro do meu pobre coração!