Deixa-me... ser teu presente
Queria caber dentro de ti.
Deita aqui... ao meu lado. Hoje...
Segura em minha mão.
Fecha o verde dos teus olhos...
Que descortina o meu ser e faz-me tão tua.
Voemos agora... viajemos sobre o mundo...
De mãos dadas e mudos.
A boca não necessita a palavra.
O olhar espalhemos, então...
Esta paz que é nossa.
Esta paz que emana das nossas almas...
Quando juntas estão.
Espalhemos esta saudade que sentimos...
Quando separados, mesmo que por instantes.
Numa aflição doida da espera do abraço.
Do cheiro... do colo... do pouso leve do olhar terno e quente.
Espalhemos a concordância que encontramos...
Em nossa discordância respeitosa e pacífica.
Espalhemos as nossas lágrimas quando nos emocionamos juntos.
Espalhemos o Amor... escolhas e renúncias.
Espalhemos o Amor... que arde o ventre e as coxas.
Espalhemos o Amor amigo que há em nós.
Cumplicidade... Respeitos e verdades.
E depois deste feito repleto de Deus...
Deixa-me pousar a cabeça em teu colo.
Lavar o teu corpo com alfazema.
Secá-lo com os meu cabelos.
Como a Madalena aos pés do Cristo.
Deixa-me desejar ter cinquenta vidas...
E, todas elas, entregá-las a ti.
Deixa-me ser tua. Deixa-me... eternamente...
Pousar nua em flor... no jardim cheiroso e abundante...
Que acolhe-me... nas vezes que mais sinto-me só.
No abraço... porto meu... do teu bom coração.
Karla Mello
12 de novembro de 2011