Seus Olhos

Seus olhos - que eu sei pintar

O que os meus olhos cegou –

Não tinham luz de brilhar,

Era chama de queimar;

E o fogo que a ateou

Vivaz, eterno, divino,

Como facho do Destino.

Divino, eterno! - e suave

Ao mesmo tempo: mas grave

E de tão fatal poder,

Que, um só momento que a vi,

Queimar toda a alma senti...

Nem ficou mais de meu ser,

Senão a cinza em que ardi.

Almeida Garrett

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 10/11/2011
Código do texto: T3328458
Classificação de conteúdo: seguro