Intangível

Quero-te como quero à abóbada nocturna,

Ó vazo de tristeza, ó grande taciturna!

E tanto mais te quero, ó minha bem amada,

Por te ver a fugir, mostrado-te empenhada

Em fazer aumentar, irónica, a distância

Que me separa a mim da celestial estância.

Bem a quero atingir, a abóbada estrelada,

Mas, se julgo alcançar, vejo-a mais afastada!

Pois se eu adoro até - ferro monstro, acredita! -

O teu frio desdém, que te faz mais bonita!

Charles Baudelaire

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 10/11/2011
Código do texto: T3328445
Classificação de conteúdo: seguro