Clamor de uma poeta
Brancas espumas do esquecimento...
Terra do nunca em tempo algum...
Olvidar... é a ordem do momento...
Palavras caídas... num lugar comum.
Um canário triste que já não canta,
Madrugada preguiçosa... adormecida,
Nada é extraordinário, nada encanta,
A lua não ilumina... está escondida...
Respingos da chuva escorrem pela janela,
Anunciando nova estação, primavera...
Mas as flores não são mais aquelas...
Lembranças navegam num barco a vela.
Sangra ao longe o horizonte perdido...
De um tempo brutal, desumano, descabido,
Tendo como companhia cinzento abrigo...
Empanando o brilho de um sonho antigo.
Tudo fenece, tudo acaba, tudo morre...
São as sendas da própria vida...
A alegria escapa das mãos, escorre...
Trazendo o gosto amargo da despedida.
Abrindo caminho para outras memórias,
Sempre reescrevendo mil histórias...
Novas poesias... uma sutil dedicatória,
Contando do amor a magia e trajetória...
Quiçá a afeição chegue para ficar...
Revestida de felicidade peremptória!...
Ocupando seu posto, seu real lugar,
Tratada com toda honra e glória...
Recontando a vida, o valor do amor,
Cicatrizando toda mágoa, toda a dor...
Encantando o luar com seu ardor...
Acordando cada coração sonhador!
Por ora... a poeta apenas piedade implora,
Por todo amante que ama, sofre e chora,
Com medo da solidão e do frio lá de fora...
Que a ternura chegue iluminada pela aurora!
Mary Trujillo
21.10.2011
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