::: BORBOLETAS :::
Estou deitado e o rio é minha esperança
Para que nela eu afogue os medos e ânsias
Sedimentados na inconstante chama à emoção.
Gélido furor que antagonicamente arde
A buscar no peito de sua alma a parte
Que carrega, por aí, outro coração.
Debalde antecede o meu ser com tanto medo
A cismar vespertinas horas o meu desejo
Que é dedicar-lhe tamanha devoção.
Famigerado e vitupério, para mim, é crer
Que meus calos solitários possam conhecer
A eternidade que poetiza esta canção.
Os barulhos das guerras que explodem em mim,
Já não ouço e sinto tão-só o alvo clarim
Que os homens conhecem nos anjos de sedução.
Que pérfida mentira é dizer que não sinto
Nas manhãs, tardes e madrugadas o que minto,
Mas que me rendo ao toque de tuas mãos.
Aí! Aí do meu miserável vernáculo que ignóbil é
Incapaz de conjurar palavras com tanta fé
Que me tragam de teus olhos a querida atenção.
Eu cultivo Borboletas. Eu praguejo. Eu sinto frio.
Ilógico? Incoerente? Ou o preencher do meu vazio?
O que é o tremor que me vence a solidão?
Não busque a realeza dos versos
Que rasgam por inteiro o universo,
Mas que não denotam a paixão.
A paixão com que assisto teus olhos constantemente
E zelo noites inteiras a esperar calmamente
Os lábios que me roubam qualquer atenção.
Se te quero, quero-te em cada cálice do tempo.
Se te busco, busco-te a vencer todo momento
Em que eu toco o ar querendo as tuas mãos.
Se peco. Perdão; clamo-te. Mas se te quero entenda
Que domínio tem o homem para que compreenda
O Sentimento que lhe leva as águas da imensidão?
A percorrer meus dias pensativos
Faço n’alma os meus castigos...
A fé e a loucura da minha canção.
Eu cultivo Borboletas. Eu praguejo. Eu grito!
Tantas emoções, tantos sonhos e tanto frio
O meu interior sente com tamanha paixão.
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Dedicado à Ana Paula.