A minha amiga e namorada

"O amor, querida, não exclui o pejo...

Espera! até que o sol desapareça,

Beija-me a boca! mata-me o desejo!"

Olavo Bilac

Espero-te, se a vejo tanto enleio!

Deliciosamente, és minha musa

Pelos beijos ardentes, em teu seio.

Querida! olha-me a lira bem difusa,

Em teu peito, fecha-me o teu lirismo

Sobre os teus vicos, pois a cama abusa.

Ela, com os teus passados, sem cinismo

O amor, amiga, não conduz o pejo

Até que o sol espalhe! ao forte abismo!

Que sintas o cinzento, que eu a vejo

Sensual e divina, sem segredo...

Beija-me a língua! molha-me o desejo!

Eu, com os rostos do fogo, sem degredo

Olha-me, como a Dama que seduz,

Dize-me, pois já sinto o doce dedo...

Depois, o amor; até que sinta a Luz

Certo, mas pelos lábios como a vida...

Vagar, és minha vida que conduz.

Olho-a, que a vida fora bem-querida

E pelo teu aroma do meu mel...

Beijo-te docemente! A cana erguida!

Deixa-me abrir as tuas mãos do anel;

Sem timidez, ali nos meus clarões

Pelas alcovas, sobre o meu dossel.

- E ela abria-me o colo dos balcões.

Autor: Lucas Munhoz

Lucas Munhoz (Poeta clássico)
Enviado por Lucas Munhoz (Poeta clássico) em 09/11/2011
Reeditado em 09/11/2011
Código do texto: T3325895