A minha amiga e namorada
"O amor, querida, não exclui o pejo...
Espera! até que o sol desapareça,
Beija-me a boca! mata-me o desejo!"
Olavo Bilac
Espero-te, se a vejo tanto enleio!
Deliciosamente, és minha musa
Pelos beijos ardentes, em teu seio.
Querida! olha-me a lira bem difusa,
Em teu peito, fecha-me o teu lirismo
Sobre os teus vicos, pois a cama abusa.
Ela, com os teus passados, sem cinismo
O amor, amiga, não conduz o pejo
Até que o sol espalhe! ao forte abismo!
Que sintas o cinzento, que eu a vejo
Sensual e divina, sem segredo...
Beija-me a língua! molha-me o desejo!
Eu, com os rostos do fogo, sem degredo
Olha-me, como a Dama que seduz,
Dize-me, pois já sinto o doce dedo...
Depois, o amor; até que sinta a Luz
Certo, mas pelos lábios como a vida...
Vagar, és minha vida que conduz.
Olho-a, que a vida fora bem-querida
E pelo teu aroma do meu mel...
Beijo-te docemente! A cana erguida!
Deixa-me abrir as tuas mãos do anel;
Sem timidez, ali nos meus clarões
Pelas alcovas, sobre o meu dossel.
- E ela abria-me o colo dos balcões.
Autor: Lucas Munhoz