QUERO-TE/quis-te (ou a síntese das loucuras de uma noite)
Arrebatar nos meus braços carnais
Pela noite fora
Onde faremos amor sem o ser
Pela única razão
De ser
Dos corpos demasiados nus
A satisfação
Quero-te
Como ontem à noite
Só soube o teu nome
Porque alguém te chamou a meu lado por esse nome
Enquanto eu te desejava
Desde o primeiro segundo que te vi
Porque há uma fome em mim
Que se sacia assim
Quero-te
Colar a mim
Fundir os corpos num só
Chegarmos ao céu das loucuras carnais
Não é um sonho
Porque te vi uma vez
E nunca te verei mais
Quero-te
Para depois
Voltar a gostar de outra
E mais outra
Até à paixão efémera
Final
Pois o Amor esse
Nunca quis acertar as suas contas terminais comigo
Pois eu sou ao mesmo tempo
De mim próprio
Abrigo
E o meu pior
Inimigo
Quero-te
Apenas pelo acto
De um amor que não o é
De estar a sonhar
Estando de pé
Ainda te olhei
Antes de ir para outro lado
Quis dizer-te
“Vem comigo”
Para te amar na brevidade duma noite
Que teria a duração de um segundo
Amei o teu corpo
Apenas isso
Mas isto poderia ter sido ali
Ou em outro qualquer lugar do mundo
Depois demasiado bebido pensei
Que o convite
Seria a esmola de um pedinte
A um Rei
De que nada valeria
Pois apesar de teres olhado para mim
Com o mesmo interesse
No campo das palavras práticas
Não quererias
A minha companhia
Pois fizeste-me lembrar
Alguém
Que amei um dia
Cigarro na mão
Copo na outra
E uma aparente simpatia
E nesses segundos
Passou-se uma noite
Na qual
Eu quis
Que fosses
Completa
E absolutamente
Minha
Quis-te…