AMOR COLABADO

Sinto tua presença como um céu azul

Sente a falta das nuvens talhadas a

Incorporar-lhe a paisagem

Como um cão farejador

Ainda sente a tua essência espalhada

E a procura como se ainda estivesses

Com tuas impressões digitais frescas

Pelos locais que ora passastes

Impregnando o ar com tua presença

Agora tão ausente...

E agora é um porão escuro que vive

Na mente que de pouca valia serve

Para lembrar que existe

Isolada com teias de aranha

E agora tudo passou

O cálice ainda tem as marcas de batom

Um botão caído as pressas que rolara

Pelo chão numa confissão íntima

Testemunha fria que viu o embate lúdico

Das carnes insanas dançando a valsa

Fremente de corpos e curvas encaixes

Talhado com força centrifuga e centrípeta

Um buscando no outro aquilo que lhe falta

A paixão célere

A combustão púbere

Veias dilatadas como rios correndo

Ladeira abaixo íngreme incremente

Atingindo o ápice o grito contrito

E por fim a liberdade da mudez

A quebra da rigidez

A outonal languidez

Momentos que ficarão guardados

Nas muralhas da tez

Agora o marulhar das águas obsecraram e se foram

Formam-se novas ondas

Novas sondas e tudo perenemente recomeçam

Sem pressa sem alarde

Como se a noite esperasse pra dar a sua notívaga mão

Pelo vão da entrega escarlate e crepuscular da tarde...