Da cela da minha escravizada alma de seu amor (Escrevo-te, sem remetente)
Minha alma está triste e parece pedir a morte
De repente numa tarde qualquer nela havia alguma alegria
E nessa ânsia, no prazer da sua utopia
As palavras da mulher amada mudaram-lhe a sorte
De contentamento se fez tristeza
De sorriso se fez em soluço e dor
Dos brilhos dos olhos, nascera uma lágrima
Da lágrima, um soluço de amor
O desafeto e o enclausuro
A masmorra dessa cruenta e fria solidão
Ah! Amada... tu me pusestes, me sentenciastes
A minh’alma agoniza agora no chão
Estou fraco, faminto e com sede
Fraco de amor, faminto de teus braços e sedento de seus carinhos
Do fundo dessa cela onde jaz minh’alma soturna
A vida é vazia, não sei o caminho
Choro as penas tristes de meus versos, cansado
Percebo que meu tinteiro está quase secando
A pena da minh’alma está endurecendo
A tinta das minhas lágrimas sequer ‘stá acabando
Amor, eu te amo tanto e enlutado me sinto
Eu te anseio tanto, verdade, não minto
E tu me rechaças dessa maneira
A minh’alma não mente, é tão verdadeira
Será que não tens compaixão desse moribundo coitado?
Será que não sentes nada, senão as dores do teu passado?
Tens medo de se dar a uma nova chance
E meu amor, o tens recusado
Tens medo de não ser feliz?
Qual o teu temor, a tua paúra?
Enquanto não me podes responder, morro
E morrendo se acaba essa loucura
Amada, eu te amo, bem sabes o quanto
Eu te quero e te busco veladamente
Da cela da minha escravizada alma de seu amor
Escrevo-te, sem remetente
Não que eu queira esconder quem sou
Tampouco omitir essa minha sentimentalidade
É que os mortos não possuem endereços
E o meu endereço é o teu coração e não esta saudade