Prenúncio
Saio do navio sem olhar para trás
Levarei apenas o que me foi adocicado
O que foi amargo não me é útil mais
Deixo lá onde está, se desistir volto a nado
Em inquietante e intrépido desatino
Buscarei estradas que ainda não percorri
Onde atenção, cuidados e mimos
Sejam doces que não encontrei em ti
Se lembrardes de mim, dó não tenha
Não queiras teimar em seguir meus rastros
Nem ouses me pedir que a ti venha
Deixa-me partir, não me ponhas calços
Se no percurso me vier o desejo de voltar
Obscurecendo meus anseios de liberdade
Não prosseguirei e só me porei a andar
No descansar da estúpida ambigüidade
Ao desabrochar meu sonhado aprisco
Lá darei ao velho, um novo significado
A dor há de ser meu viço
As lágrimas, meu esteio e meu amparo
Na nova morada, serei meu acolhedor asilo
Nele, exercerei meu terno senhorio
Assim, livre, declararei com júbilo
Tuas amargas recordações perecerão no navio