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Saio do navio sem olhar para trás
Levarei apenas o que me foi adocicado
O que foi amargo não me é útil mais
Deixo lá onde está, se desistir volto a nado
 
Em inquietante e intrépido desatino
Buscarei estradas que ainda não percorri
Onde atenção, cuidados e mimos
Sejam doces que não encontrei em ti
 
Se lembrardes de mim, dó não tenha
Não queiras teimar em seguir meus rastros
Nem ouses me pedir que a ti venha
Deixa-me partir, não me ponhas calços
 
 Se no percurso me vier o desejo de voltar
Obscurecendo meus anseios de liberdade
Não prosseguirei e só me porei a andar
No descansar da estúpida ambigüidade
 
Ao desabrochar meu sonhado aprisco
Lá darei ao velho, um novo significado
A dor há de ser meu viço
As lágrimas, meu esteio e meu amparo
 
Na nova morada, serei meu acolhedor asilo
Nele, exercerei meu terno senhorio
Assim, livre, declararei com júbilo
Tuas amargas recordações perecerão no navio 





Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 04/11/2011
Código do texto: T3317666
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