PASSANDO DOS LIMITES

No palco da minha vaidade

sobes devagar e apresentas o espetáculo

com sabor de arte e canastrice.

É uma mistura do piegas

com frases que repetes,

assinalando sempre

na pauta, o que eu disse.

Pedes a réplica

eu insiro a tréplica;

suportas meu reverso,

sou firme no antigo texto

que nunca se encaixa ao teu.

Enveredamos sempre pelo contexto,

no final, é como um fado sem drama.

Terminamos como se realmente fosse o amor

que nos atirasse aos braços da pretensa fama.

Novo dia atrai o recomeço,

outro enredo se desenrola na coxia;

atrás das cortinas pesadas

Te afastas de mim com longas passadas

e eu não tento alcançar-te...

o cansaço se supera em meu corpo vazio,

estou extrapolada, sem desejo pra mais nada,

romperam-se em mim os diques da suportação.

És como uma pista sem condução

e o combate agora se instala em teu coração.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 30/12/2006
Código do texto: T331632