PASSANDO DOS LIMITES
No palco da minha vaidade
sobes devagar e apresentas o espetáculo
com sabor de arte e canastrice.
É uma mistura do piegas
com frases que repetes,
assinalando sempre
na pauta, o que eu disse.
Pedes a réplica
eu insiro a tréplica;
suportas meu reverso,
sou firme no antigo texto
que nunca se encaixa ao teu.
Enveredamos sempre pelo contexto,
no final, é como um fado sem drama.
Terminamos como se realmente fosse o amor
que nos atirasse aos braços da pretensa fama.
Novo dia atrai o recomeço,
outro enredo se desenrola na coxia;
atrás das cortinas pesadas
Te afastas de mim com longas passadas
e eu não tento alcançar-te...
o cansaço se supera em meu corpo vazio,
estou extrapolada, sem desejo pra mais nada,
romperam-se em mim os diques da suportação.
És como uma pista sem condução
e o combate agora se instala em teu coração.