DESENCONTRO
Odir Milanez
Estranho desencontro, o de nós dois!
Esse querer de um, que há na gente,
cada querer querendo diferente,
argumentando o antes e o depois,
enfraquecendo cada passo à frente...
Ó desencontro, como tonto sois!
Tentar ou não tentar? Pobre procura
de quem não sabe ao certo o que deseja,
de quem não vê, embora escute e veja
quando deseja e quer a criatura.
E nada diz do vulto, que não seja
ter sido em noite d’uma rua escura...
Tentar, tentei, em meio aos meus dilemas,
busquei buscá-la em cantos adversos,
meus anseios de amor viraram versos,
passei a ser poeta, fiz poemas
que nas vozes dos ventos hão dispersos:
O minuano misturou seus temas.
Debalde o nosso encontro desejei!
Os sonhos, quando não, somem depressa.
Provindo de desejo sem promessa,
o nosso desencontro, agora sei,
sem procura, sem prazos e sem pressa,
passou nos pés por onde não passei.
Estranho desencontro! Quão extrema
é a razão que atrai mudança brusca:
o sol silente o meu olhar ofusca,
a noite nega o corpo em cor suprema!
Eis que confesso, enfim, o fim da busca
e deixo ao desencontro esse poema.
JPessoa/PB
03.11.2011
oklima
Eu sou somente um escriba que
escuta a voz do vento...