REMORSO

Como eu saberia te amar, mulher, saberia
Amar, e amar, ninguém amou assim jamais!

— Pablo Neruda.





 

Não sofras um adeus de fato,
Não chores sobre o meu retrato,
Nem repitas meu nome ao vento.


Não me dês o contentamento
De ver-te consumida em desgosto
E acrescentar-te inédita ruga no rosto.


Recusa arrepender-te tão tarde
Pelos momentos de felicidade
— Uma conquista de pouco caso!


Evita um encontro ao acaso,
O milagre que não acontece
Quando ínfima chance se oferece.


Não disfarces forçar a barra,
Um choro moído, assim na marra;
Um dilema aparente, fingido pesar:


Queima os CDs, rasga os bilhetes,
Apaga os segredos — doces flertes!...
Fecha-te no quarto, desliga o celular...


Relembra-te antes mulher mais amada.
Se acordares por mim, nessa madrugada,
Diz que é insônia — ou gastrite. Nada.



Poema integrante do livro "Outono Verde".
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 01/11/2011
Código do texto: T3310200
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