QUERER
1
Quando te faltara uma ave para sonhar
O teu arroubo gracioso de condor,
Fui gracejo no teu desejo de voar
E voei cantando cintilante beija-flor.
Quando te privastes do sol para o teu calor,
Tingi de azul o céu com fachos de luz
E afugentei o inverno, e ainda te pus
No caminho um amanhecer de cada cor.
Quando quiseste um sonho na tua ilusão,
Afaguei teu corpo para adormecer-te,
Bordei o teu leito num chão de verde,
Zelei por tua noite na minha constelação.
Quando pediste um canto para a morte serena,
Para sossegares teu clamor de armistício,
Acordei-te para as coisas mais pequenas
E te reinventei a vida num beijo fictício.
2
Buscaste uma cor para andar unida
Em mescla de sorriso e de batom:
Habituei-me que me fosse bom
Emoldurar teu lábio por toda vida.
Deveste conduzir-me nos teus braços
E já me joguei menino aos teus pés;
Deixei-me arrastar pelos teus passos
Num enfeite dos dedos feito os anéis.
Insinuaste afagar-me na tua casa
E me seduziste com doce cantiga;
Adormeci num sonho cheio de asas,
Voei teus relevos, o colo, a barriga...
3
Quiseste abrir-me a porta da rua
E devolver-me para onde vim;
Aí, notaste quando já não era tua
A mulher presa dentro de mim.
Poema integrante do livro "Outono Verde"
1
Quando te faltara uma ave para sonhar
O teu arroubo gracioso de condor,
Fui gracejo no teu desejo de voar
E voei cantando cintilante beija-flor.
Quando te privastes do sol para o teu calor,
Tingi de azul o céu com fachos de luz
E afugentei o inverno, e ainda te pus
No caminho um amanhecer de cada cor.
Quando quiseste um sonho na tua ilusão,
Afaguei teu corpo para adormecer-te,
Bordei o teu leito num chão de verde,
Zelei por tua noite na minha constelação.
Quando pediste um canto para a morte serena,
Para sossegares teu clamor de armistício,
Acordei-te para as coisas mais pequenas
E te reinventei a vida num beijo fictício.
2
Buscaste uma cor para andar unida
Em mescla de sorriso e de batom:
Habituei-me que me fosse bom
Emoldurar teu lábio por toda vida.
Deveste conduzir-me nos teus braços
E já me joguei menino aos teus pés;
Deixei-me arrastar pelos teus passos
Num enfeite dos dedos feito os anéis.
Insinuaste afagar-me na tua casa
E me seduziste com doce cantiga;
Adormeci num sonho cheio de asas,
Voei teus relevos, o colo, a barriga...
3
Quiseste abrir-me a porta da rua
E devolver-me para onde vim;
Aí, notaste quando já não era tua
A mulher presa dentro de mim.
Poema integrante do livro "Outono Verde"