Um copinho d'água ,um rio ,a poça...E a sede...
Um simples copinho d'água,
se posto ao alcance do olhar,
é promessa de que em breve,
a sede se vai saciar...
Mesmo quem anda na neve.
como quem dorme na praia,
fica sempre a cobiçar
o frio e claro lenitivo...
E no amor, há quem, sedento
não mais o consiga alcançar:
pois para longe o empurram,
como enxotam o cão sarnento
-quantos o chutam, esmurram,
e já foi de estimação...
No abandono explode a ponte
cada um fica num lado,
com sede à beira da fonte,
sem poder descer ao rio...
Cada olhar alcança o amado,
faz calor e sentem frio...
Descobrem então que o ausente
lhes parece cheio de espinhos,
e que amar não é suficiente
quando se esgotam carinhos...
A história dos dois se esgarça,
não importa quem mais amou...
Baixa o pano sobre a farsa,
mas a sede não acabou...
Um copo, um cão ,uma ponte
nada possuem em comum
apenas aparentemente...
Se você souber, me conte
como voltar a ser um:
a sede enfraquece a gente...
Sem poder chegar ao copo
A sede nos seca a boca...
Boca seca
seca...
sede...
E o copo rola,se parte,
ao sabor da ventania...
zzzzzzzzzzzzzzzzzz
Parece que vou morrer...
Se eu fosse cão, lamberia
a poça d'´água no chão...
Mas por certo cortaria
minha língua exposta, então...
Essa imagem me apavora
e ante tal alegoria,
as mãos desamarro, saio
vou viver noutro lugar!
Descalça, tropeço e caio,
outro copo vou buscar...
uma água me espera agora
minha sede vou matar...